Como montar um Projeto de Orientação Sexual na escola
terça-feira, 19 de janeiro de 2010 by Reciclagem de Artigos in

Em meio a tantas mudanças de ordem tecnológica, social e política, conseqüentemente a família também foi afetada em sua forma, estrutura e regras.
Como lidar com um mundo em constante mudança?
Muitos assuntos têm sido trazidos para a escola, dentre eles, um que vem preocupando tanto a educação formal, quanto a informal: como a família pode educar sexualmente seus filhos? Como a escola deve proceder no que diz respeito à sexualidade?
Estas interrogações são importantes na medida que levam a ação, enfim de como estruturar o Projeto de Orientação Sexual, embasado na metodologia e na missão da escola.

Orientação ou educação sexual?
A educação sexual é desenvolvida pelos pais como um processo de vida, desde o nascimento da criança. A orientação sexual é um processo sistematizado pela escola e tem como objetivo abrir um espaço para informações, rever tabus e preconceitos, aprender a administrar as emoções, lembrando que é um tema transversal.
O trabalho de orientação sexual sistemático favorece os alunos a se sentirem mais seguros para fazerem escolhas que preservem a vida, motivadas por amor e carinho, minimizando os riscos de uma gravidez indesejada ou doenças.

Qual o perfil do orientador sexual?

É fundamental que tenha o conhecimento teórico necessário e uma
postura de amor à vida e à própria sexualidade. É alguém com disponibilidade afetiva e escuta ativa.
Em geral este papel é desempenhado pelo professor de Ciências na 4ª série do Ensino Fundamental I e, no Ensino Fundamental II e Médio, pelo Orientador Educacional, Psicólogo ou também pelo professor de Ciências.
No Ensino Fundamental II e Médio os encontros de orientação sexual podem ser estruturados nas próprias aulas de acordo com a grade curricular ou os alunos realizarem inscrições para os encontros que se estruturam fora do horário escolar, em local e horário previamente combinado na escola.
É comum, devido às características da faixa etária, ser um professor para os meninos e uma professora para as meninas.
Já na 4ª série do Ensino Fundamental I não há problema algum reunir os meninos e meninas no mesmo horário com a professora ou professor. Deverá ser considerada a característica do grupo.
Não é papel do orientador impor os seus valores, substituir os pais, dar exemplos de sua vida pessoal, falar de suas crenças ou fazer terapia de grupo.
O orientador sexual, em seu espaço de reflexão e preparação para o trabalho, pode partir do seu próprio conhecimento, enriquecer com estudos, leituras, participação em cursos de capacitação e optar por estratégias que melhor combinem com o seu estilo.
Seu trabalho será muito facilitado se os encontros forem motivados por dinâmicas de grupo, jogos, reflexões, evitando aulas expositivas.
Freqüentemente ministro cursos de capacitação para professores nas escolas para criar um espaço de reflexão e atualização. Em outro momento acontece uma palestra com os pais para envolvê-los no projeto.
O resultado é positivo e todos saem ganhando, escola e família.

Elaboração do Projeto de Orientação Sexual

O projeto deve considerar a faixa etária e ser norteado pelos princípios do respeito mútuo e responsabilidade.
Na Educação Infantil até a 3ª série do Ensino Fundamental I, a orientação sexual não se estrutura com horários específicos e nem se constitui numa matéria. Atende a demanda natural da criança.
O professor deve ficar atento porque é nesta fase que há o despertar da sexualidade, com as perguntas que visam mais observar a reação de quem responde do que a resposta em si.
A partir da 4ª série do Ensino Fundamental I o conteúdo pode ser estruturado com o ensino de anatomia. Os encontros são regidos por um contrato elaborado pelos alunos. O perfil de cada grupo aparecerá nas regras do contrato. O orientador deverá garantir alguns aspectos, como:
• o professor não fornecerá a pessoas externas ao grupo nenhuma informação sobre particularidades do trabalho em classe. Os temas debatidos podem e devem ser divulgados, mas não o sigilo das discussões;
• também os alunos devem se comprometer com o sigilo a respeito de colocações pessoais que podem surgir no grupo;
• respeitar as diferenças individuais.
É interessante pedir para os alunos assinarem os combinados junto com o professor. Deve-se combinar com os alunos a confecção de uma “caixinha de perguntas”, importante fonte de esclarecimento de dúvidas, além de minimizar situações que geram ansiedade, já que os alunos não se identificam. É uma das estratégias preferida dos alunos.
No Ensino Fundamental II os temas devem atender as prioridades estabelecidas pelos alunos, mas alguns deles, devido à sua importância, não devem deixar de ser abordados: corpo, DST, AIDS, gênero e anticoncepção na adolescência.
O ideal é que a orientação sexual esteja integrada a outras áreas do conhecimento. Avaliar os encontros para aperfeiçoar o que é necessário e auxiliar o aluno a repensar a importância do projeto para a sua formação também são passos importantes.
A seguir uma avaliação que proporciona registros valiosos por parte dos alunos:

- Nesses encontros aprendi___________________
- O que aprendi serve_______________________
- Durante os encontros me senti________________
- Espero que______________________________

Relação escola – família

É indicado convidar os pais para uma reunião para especificar os objetivos do projeto, apresentar a equipe, tomar conhecimento da posição dos pais, trabalhar resistências e obter autorização para a participação dos filhos nos encontros de orientação sexual.
O convite deve ser elaborado de forma a despertar nos pais a importância do seu envolvimento. Sugiro colocar a autorização para que os filhos possam participar.
Este momento proporciona segurança para a família e para a escola. Os pais saem satisfeitos, sentem-se mais preparados e percebem que não precisa ser um especialista para abordar o assunto com os filhos. Basta ser natural e respeitar os próprios limites.
Outras sugestões de convites e pautas são apresentadas no livro Propostas para Reunião de Pais – Estratégias e Relatos de casos.

  1. Gostei muito do roteiro do projeto, e acho que dependendo da intratividade do coordenador do projeto e as crianças , tem muito para da dar certo.Parabéns!
    Virginia
    http://impactodapedagogiamoderna.blogspot.com/