Indisciplina: Como lidar com ela?
sábado, 30 de abril de 2011 by Reciclagem de Artigos in

Cada aluno é de um jeito: tem sua própria história, vida é personalidade. Juntos, eles somam tudo isso a um coletivo repleto de energia da idade, o que é freqüentemente visto como indisciplina.
Pais e Familiares
São os principais exemplos de conduta para os pequenos, mas você professor (a) tem papel importante na formação deles. “Uma das funções da escola é civilizar o individuo, não sendo condescendente com a agressividade exagerada.

Não pense que o problema é só seu.
Escolas de todos os níveis sociais, no mundo inteiro, têm de enfrentar a questão da disciplina, sem recorrer a castigos e mantendo sempre vivo o interesse do aluno.
Veja alguns modos de tornar isso possível.

O que fazer diante de uma classe repleta de baderneiros?
Como botar ordem no caos?
De quem é a culpa?
Com certeza você já se deparou ao menos uma vez com essas perguntas. Realmente, conquistar a disciplina em sala tornou-se um verdadeiro desafio para o ensino nos dias de hoje, tanto nas instituições públicas como privadas, e merece uma séria reflexão.

Não trataremos aqui de atos de vandalismo contra escolas, nem de desajustes decorrentes do uso de drogas – por sua própria relevância e abrangência, tais temas merecem um artigo á parte.
Vamos pensar no que acontece dentro da classe, quando o professor tenta desenvolver o conteúdo de sua disciplina para crianças ou adolescentes desinteressados, apática, bagunceira, isto é, indisciplinados. Talvez alguns professores saudosistas (e até mesmo os progressistas), numa situação de desespero, sonhem em punir severamente; “à antiga”, os baderneiros: expulsar da sala, tirar pontos da nota, ganhar “no berro”, enfim, reprimir severa e exemplarmente os “maus elementos”. Era desse jeito que a antiga escola procedia. Mas o seu modelo era apropriado a um quartel, onde prevalece a hierarquia. Tanto nas famílias como no ensino, a disciplina era obtida à custa de medo, subserviência e coação.
Ora, se o ensino é um direito da criança e do adolescente e um dever do Estado, no intuito de promover pessoas livres, autônomas, capazes de exercer plenamente a cidadania, não nos interessa criar um exército amedrontado de pseudo-cidadões, quer dizer, gente que vai para uma guerra desconhecida.
Vamos pensar juntos. Qualquer exército forma tropas para combater em algum tipo de guerra. Se você, educador, seguir a mesma orientação dada às tropas, fica a pergunta: quem é o inimigo? Resumindo, queremos formar gente autônoma, emancipada, livre e consciente, capaz de fazer suas próprias escolhas.
Para começar, vamos adotar o conceito atual de disciplina, que vem a ser o reconhecimento da atividade em grupo, harmonicamente supervisionada por uma autoridade externa (no caso, o professor). Esse reconhecimento pressupõe, da parte do aluno, valores éticos anteriores à escolarização: entendimento de regras comuns, partilha de responsabilidade, cooperação, reciprocidade, solidariedade etc.E, acima de tudo, reconhecimento dos direitos do outro, sem o que fica impossível a convivência em grupo.
Fácil? Não, dificílimo, porque tais noções vêm da família (existem, mas raríssimos, os alunos que as desenvolvem por conta própria). E nem toda família tem condições de fornecer tais valores. Nessa hora, a convivência, a troca de idéias – caso a caso, aluno por aluno – é premente. As próprias famílias, alias, costumam ser mais permeáveis do que a gente pensa: de um modo geral, aceitam as noções vindas da escola e tentam à sua maneira colocá-las em prática.
Agora, quando a família está indisponível ao educador, o professor tem de assumir esse papel.

O trabalho escolar é para se constituir em prazer o que não significa lazer.
Esse tipo de confusão é comum e acaba acarretando inúmeros problemas, sobretudo de disciplina.

Por uma nova disciplina

Em primeiro lugar, é preciso abandonar os clichês do tipo ”o adolescente é rebelde e revoltado pela própria natureza”, “as crianças são naturalmente egocentradas e indisciplinadas”.
Ninguém nasce rebelde ou disciplinados: Trata-se de um comportamento construído. Se antigamente disciplina equivalia ao silêncio absoluto, a disciplina desejada hoje é a do interesse e da participação. É importante que o aluno fale, dê sua opinião, de modo que possamos acompanhar suas descobertas e sua aprendizagem. Aqui, a sua atuação é decisiva, pois uma coisa é verdade: com exceção de casos patológicos, crianças e adolescentes são muito curiosos. Eles adoram aprender, desde que o conhecimento não lhes pareça impingido e, sobretudo, quando seu interesse e participação são estimulados.
Mas eles também gostam de ser respeitados: Valorizam a sinceridade, o jogo aberto de um professor.

Tome Nota

O dia-a-dia da sala de aula prepara certas armadilhas para o professor. Para evitá-las, convém estar atento a algumas orientações mínimas, mas fundamentais.
•Não repreenda o aluno na frente da classe, chame-o em separado para conversa.
•Nunca humilhe o aluno, com atos ou palavras.
•Se alguém for motivo de riso por parte da classe, interrompa tudo e discuta com a turma o motivo desse comportamento, até que todos concordem que não se deve rir dos outros (é uma falta de respeito!).
•Evite a todo custo ter um “queridinho” na classe.
•Não discrimine ninguém por sua aparência, origem social ou mesmo comportamento inadequado.
•Seja sincero, franco e aberto.
•Certifique-se de que todos compreenderam e assimilaram as regras estabelecidas, seja bem claro.
•Dê-lhes a oportunidade de se manifestar durante a aula.
Algazarra em classe, brigas, xingamentos depredação e até agressões a professores não acabam com gritos ou ameaças. O fim indisciplina acontece quando os alunos são ouvidos, conhecem o objetivo de cada atividade e negociam a melhor maneira de atingi-los.
Algumas práticas que você pode adotar para reduzir o comportamento agressivo.
O que fazer em classe na hora na bagunça.

Nem todas as escolas têm um projeto que contemple a questão da disciplina. Por isso às vezes, os professores enfrentam esse desafio sozinhos. Aqui algumas sugestões para amenizar o problema.
•Não grite. Se o barulho se sobrepõe à sua voz, espere em silêncio: A turma vai perceber que isso está prejudicando a aula.
•Recorra aos contratos. Se as regras coletivas são claras e todos estiverem de acordo, fica mais fácil chamar a atenção quando ocorre uma transgressão.
•Seja coerente com o que pede aos alunos. Não adianta cobrar pontualidade se você chega atrasado.
•Não considere a indisciplina um ataque pessoal. Não aceite provocações para não reforçar comportamentos indesejados.
•Seja enérgico quando necessário sem perder o afeto. Faltas graves merecem atitudes firmes. O dialogo e reflexão não eliminam a sanção prevista.
•Não desanime. A assimilação da disciplina é um processo gradativo e exige investimento. Você terá repetir o discurso para o mesmo aluno.

Para promover a boa convivência do grupo.
•Oriente os alunos a avisar você quando acontecer uma agressão
•Jamais incentive crianças a responder a atos agressivos com violência.
•Converse com a turma sobre o que certo e o que é errado e combine regras de boa convivência.
•Conte historias sobre amizade, amor e relações tranqüilas.
•Recompense as boas condutas.
•Programe atividades físicas em que os alunos gastem energia.
•Realize brincadeiras em que haja contato físico entre as crianças, como as rodas.
•Leve a garotada para brincar ao ar livre.
•Aplique técnicas de relaxamentos.
•Monte uma brínquedoteca.

Como ajudar o estudante agressivo
• Crie uma relação de amizade e confiança com ele.
•Estabeleça claramente os limites.
•Incentive manifestações de afeto, segurança, senso de responsabilidade e cooperação.
• Nunca grite, brigue ou descrimine esse aluno.


Ref. Nova Escola/2005.

Dinâmica: "Teia de Aranha"
by Reciclagem de Artigos in

Objetivo: Mostrar que em um trabalho em grupo, todos devem permanecer unidos.
Material: Um rolo de barbante
Procedimento: Peça que a turma que fique em círculos. Segure a ponta do barbante e jogue o rolo para outra pessoa que esteja no lado oposto ao seu. Esta pessoa deve segurar uma parte do barbante de modo que não fique frouxo, e jogar para outro colega distante, e assim sucessivamente, até o último participante. Depois peça que um ou dois deles solte(m) o barbante. A teia se desmancha, ou fica frouxa. Então explique que em um trabalho em grupo acontece a mesma coisa. Se um do grupo abandona o trabalho ou o faz de maneira desinteressada, isso implicará na realização de todo o trabalho. Portanto, devemos cooperar e ter responsabilidade diante dos nossos compromissos, principalmente quando envolve outras pessoas

Música de Bruno Mars

Talking To The Moon
I know you're somewhere out there
Somewhere far away
I want you back
I want you back
My neighbors think
I'm crazy
But they don't understand
You're all I have
You're all I have

Chorus:

At night when the stars
light up my room
I sit by myself
Talking to the Moon
Try to get to You
In hopes you're on
the other side
Talking to me too
Or am I a fool
who sits alone
Talking to the moon

I'm feeling like I'm famous
The talk of the town
They say
I've gone mad
Yeah, I've gone mad
But they don't know
what I know

Cause when the
sun goes down
someone's talking back
Yeah, they're talking back

Chorus:

At night when the stars
light up my room
I sit by myself
Talking to the Moon
Try to get to You
In hopes you're on
the other side
Talking to me too
Or am I a fool
who sits alone
Talking to the moon

Do you ever hear me calling?
Cause every night
I'm talking to the moon
Still trying to get to you

In hopes you're on
the other side
Talking to me too
Or am I a fool
who sits alone
Talking to the moon

I know you're somewhere out there
Somewhere far away

Falando Com a Lua
Eu sei que você está em algum lugar lá fora
Em algum lugar longe
Eu quero você de volta
Eu quero você de volta
Meus vizinhos pensam que
Eu sou louco
Mas eles não entendem
Você é tudo que eu tenho
Você é tudo que eu tenho

Refrão:

À noite, quando as estrelas
Iluminam o meu quarto
Me sento sozinho
Falando com a Lua
Tento chegar até você
Na esperança de que você esteja
No outro lado
Falando comigo também
Ou eu sou um tolo
Que fica sentado sozinho
Conversando com a lua

Estou me sentindo como se eu fosse famoso
O assunto da cidade
Eles dizem
Que fiquei louco
yeah, eu fiquei louco
Mas eles não sabem
O que eu sei

Porque quando o
Sol se põe
Alguém está falando de volta
yeah, eles estão falando de volta

Refrão:

À noite, quando as estrelas
Iluminam o meu quarto
Me sento sozinho
Falando com a Lua
Tento chegar até você
Na esperança de que você esteja
No outro lado
Falando comigo também
Ou eu sou um tolo
Que fica sentado sozinho
Conversando com a lua

Você já me ouviu chamando?
Porque toda noite
Eu estou falando com a lua
Ainda tentando chegar até você

EDUCAÇÃO COMO MEDIADORA DAS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
by Reciclagem de Artigos in

É preciso contribuir com rapidez e criatividade para uma sociedade mais consciente mais justa e mais humana.
Com as crescentes alterações na sociedade criam necessidade de formação continuada com novas habilidades para enfrentar tais demandas. É o caso da pedagogia hospitalar com emergência de hospitalização da criança e devido ao tempo de internação muitas vezes rompem o seu processo de escolaridade. Pretende-se valorizar seus direitos a educação e a saúde enquanto cidadão.
A atuação do pedagogo ainda deve ser conquistado no conteúdo hospitalar tanto no que diz respeito as equipes técnicas para desenvolver um trabalho de sentido sicronizador didático pedagógico como em relação aos usuários na execução de atividades programadas.
A pedagogia hospitalar vem contribuir no âmbito da ciência do conhecimento para uma inovadora forma de enfrentar os problemas clínicos com alto nível de discernimento. Com ações educativas integrada com as demais áreas em beneficio do enfermo em situação de fragilidade ocasionada pela doença.
Enfatizo que:
•Deve se permitir aos alunos e professores expressarem suas idéias e percepções i integrá-los ao seu universo.
•Numa proposta multicultural analisar através de estudos de caso com observações das aulas dos professores registrando em relatórios, vídeos, entrevista com as professoras depoimentos de alunos e familiares.
•Diferentes práticas educativas estão se expandindo em contextos variados.
•Durante séculos muitas pessoas foram silenciadas e excluídas em relação ao direito á educação por serem consideradas incapazes de dar continuidade aos estudos. É possível encontrar quadros de extrema miséria da população e pessoas que nunca freqüentaram as escolas regulares por motivos de dificuldades econômicas, exclusão social, patologias graves que dificultavam a frequencia regular nas escolas, trabalho infantil etc.
•As salas de aula multisseriada ainda existe, e esta vivencia as vezes representa espaço de exclusão com atividades centrada nas series mais adiantada, onde o restante da turma não são contempladas. Esta estruturação de trabalho ocorre porque alguns professores não tem clareza dos referenciais teóricos a serem utilizados para a fundamentação do seu planejamento ignora as orientações dos coordenadores. Tem formação deficitária embora graduada em pedagogia ou nível superior. As classes multisseriada permitem a convivência das crianças e adolescentes de series, idades, culturas e níveis de escolarização diferentes em um mesmo espaço e com um único professor polivalente.
•As ações nas escolas não têm unicidade, existe uma multiplicidade de idéias sem chegar a nenhuma solução.
•Em muitas praticas pedagógicas as professoras tratam as diferenças com indiferença, ou seja, favorece os que participam das aulas, das atividades e desfavorece os já desfavorecidos social e economicamente, gerando descriminações e preconceitos no interior das salas de aula.

•Professores estudar mais profundamente e deve se preocupar ativamente diversificar as tarefas de sala de aula para atender aos diferentes interesses e níveis de desenvolvimento dos alunos.

•O professor atualizado deve dar sentido ao trabalho escolar, fazendo da escola um local de vida, de estímulos as relações interpessoais, de trocas de conhecimento.

•Que auxilie os alunos a construírem uma identidade coletiva, a trabalhar coletivamente e tomar consciência das diferenças e desigualdades.

•Promover debates, socializar informações a respeito das praticas educativas.

•Conceber as crianças e adolescentes debates sobre o ECA.

•O sistema de educação está vinculado a formação de professores e a organização do trabalho pedagógico.

•É preciso aperfeiçoamento dos professores nas áreas de atuação. Priorizar o aspecto lúdico nas atividades, elaborar debates, diálogos, palestras, atividades artísticas, culturais, recreativas e de entretenimento, passeio externos etc.

•Criar uma escola da liberdade e criatividade nas quais os sujeitos são personagens históricos que contribuem para uma gestão democrática da sociedade.

•O professor precisa ser organizado, com capacidade de lidar com os imprevistos, com as desordens do cotidiano rever sempre seus planejamentos e os readaptar ás situações encontradas. Habilidades para conhecer os alunos, suas escolaridades relação com a escola, endereço, contato, dados pessoais, identificar o histórico inicial na entrevista inicial para visualizar trabalhos individualizados e propostas coletiva para serem traçados com os mesmos.

•Partindo das necessidades e inquietações dos alunos promover interações coletivas entre os alunos trabalhos em círculos, disponibiliza livros infantis, gibis, revistas, baú de brinquedos, letras de musica artigos de jornais, textos mimeografados e xerografados com atividades adaptadas para diferentes idades. Trabalhos manuais, artes plásticas, teatro, musica vídeo com os alunos, portfólio mensal.


Dicas para elevar a auto-estima para a melhoria do trabalho
domingo, 24 de abril de 2011 by Reciclagem de Artigos in

01. VIVER RESPONSAVELMENTE: Devemos assumir plenamente a responsabilidade por conquistar o que almejamos. Nada de esperar pelos outros para realizar nossos sonhos, ou seja, devemos aceitar a responsabilidade da nossa própria existência. A auto responsabilidade permite perceber que somos responsáveis pelas nossas escolhas e atos, pela maneira como organizamos o tempo, pelo nível de consciência exigido no trabalho, pelas relações que optamos entrar e manter, pela maneira como tratamos as outras pessoas (o companheiro (a), filhos, pais, amigos, colegas, chefes e subordinados), enfim, somos o principal agente da nossa existência, a partir dessa consciência geramos uma auto-estima saudável.

02. SER VERDADEIRO: Uma boa auto-estima exige congruência. Quando vivemos diferentemente do que somos e sentimos, estaremos enganando os outros e a nós mesmos. Indicando com isto que nos rejeitamos. A auto rejeição nos leva a mascarar as nossas capacidades além de impedir a identificação das nossas possíveis dificuldades. Se tivermos a coragem de deixar que os outros vejam o que somos, estaremos reconhecendo os nossos valores.

03. COMPARTILHE SUAS CONQUISTAS: Toda vez que dividimos com os outros nossas conquistas, intimamente estamos reforçando nossas capacidades. Quando ao contrário, guardamos de forma egoísta nossas realizações, estamos muitas vezes manifestando um comportamento de medo, pela possibilidade da perda destas conquistas. Porem é importante que escolhamos com quem compartilharemos estas conquistas, porque pessoas com baixa auto-estima nos desmotivam para ir em frente. Por isso pergunte a você mesmo: Com quem gostaria de compartilhar suas vitórias?

04. SER OBJETIVO: Estabelecer objetivos de curto, médio e longo prazo permitirá a preparação de providências para a efetivação dos mesmos, além de contribuir para organização dos nossos comportamentos, valores e a correta avaliação das ações para conquistar os resultados desejados. Além disso, auxilia na avaliação dos critérios utilizados. Devemos nos preocupar em estabelecer um inicio, um meio e um fim para cada objetivo, e monitorar em que fase nos encontramos. Respeitar a seqüência natural das coisas impedirá que iniciemos pelo fim. Afinal não poderemos finalizar algo que não começamos.
05. LIVRE-SE DA CULPA: Toda vez que nos sentimos culpados por algo que fizemos e cujo resultado não foi o esperado, é vital olharmos para este contexto pessoal com benevolência e vontade de nos entender. Deveremos ser para nós mesmos um grande amigo, para evitarmos a autocondenação. A culpa não pode ser considerada uma virtude. Não podemos nos orgulhar por sermos rígidos e intransigentes, pois isto nos deixa impotente paralisa nossas ações. Para sermos felizes, não podemos nos entregar a culpa, ao contrário, devemos nos libertar dela.


GILBERTO WIESEL é Consultor de Empresas, Conferencista, Empresário, Escritor, Agropecuarista. Graduado em Administração de Empresas. Especialista em Motivação com formação em Qualidade Total.
http://www.profissionaldesucesso.com.br

- 20 dicas para dominar as modernas práticas pedagógicas
by Reciclagem de Artigos in

Muitos professores têm dificuldade de passar o discurso pedagógico do papel para a prática. Não é para menos. Por isso, preparamos esta reportagem, repleta de dicas preciosas para professores generalistas e de todas as disciplinas. Elas foram desenvolvidas pelos avaliadores do Prêmio Victor Civita Professor Nota 10 e por vários especialistas na área da educação com base na leitura e na avaliação dos milhares de trabalhos inscritos nos últimos cinco anos no prêmio. Além das novas práticas - contextualização, interdisciplinaridade, avaliação... -, você vai encontrar sugestões para obter maior rendimento dos alunos. Boa leitura! E bom planejamento!

1. Plano de trabalho: conhecer a turma para saber o que e como fazer
Uma turma é sempre diferente da outra. Você sabe disso. E sabe também que, ao iniciar o trabalho com um novo grupo, é fundamental conhecê-lo bem. Só assim podem-se definir com clareza as melhores estratégias e os métodos e materiais a serem usados. É disso que trata o plano de trabalho. Baseado na proposta pedagógica da escola, ele deve também ser norteado pelo planejamento específico de cada série ou ciclo que varia de uma escola para outra. "O plano de trabalho trata das especificidades e demandas de cada turma", explica Maria Luisa Merino Xavier, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É importante, portanto, conversar com os professores da série anterior; descobrir se há alunos na turma com necessidades especiais; se existem, por exemplo, crianças de diversas culturas, etnias ou religiões; e pesquisar o histórico escolar de cada um. Entrevistas com os pais ou responsáveis também são úteis para saber com quem a criança mora, o que faz nas horas de lazer, se tem algum problema de saúde, de que brinquedos gosta e em que outras escolas estudou e como foram essas experiências. "É bom descobrir o que os pais pensam, o que esperam da escola e o que desejam para seus filhos", afirma Maria Luisa. Em sala, é hora de observar quem desenha bem, tem facilidade ou não para leitura, gosta de falar ou é mais tímido. Com tantas informações em mãos, você poderá elaborar estratégias adequadas para todo o grupo considerando as características de cada um. "O plano de trabalho não pode estar pronto nos primeiros dias de aula porque exige contato prévio com alunos e pais", afirma a professora. Além disso, é preciso levar em conta o seguinte: mesmo que você planeje suas aulas de acordo com os conteúdos a ser abordados, sempre haverá, ao longo do ano, a necessidade de mudar os rumos. Um dos motivos é atender às necessidades momentâneas dos alunos. De que adianta, por exemplo, seguir o roteiro sem abordar temas que todos vêem na TV, como as catástrofes naturais ocorridas ultimamente? "As aulas consistem em uma seleção pertinente para o momento, pois os conteúdos não se esgotam", diz Maria Luisa.


2.Avaliação: acompanhar o aluno para traçar o melhor caminho
A avaliação sempre deve estar a serviço do aluno. Isso significa que ela não tem como objetivo determinar as notas a ser enviadas à secretaria, mas acompanhar o caminho que o aluno faz, descobrir suas dificuldades e necessidades e alterar os rumos, se preciso. Ela é constante e pode ser feita durante trabalhos em grupo, jogos e brincadeiras. Só que o olhar do professor, nesses momentos coletivos, deve ser sempre para cada estudante. "Assim se observam os interesses e os avanços de todos na turma", revela Jussara Hoffmann, consultora em educação, de Porto Alegre. Ao pensar em avaliação, você pode lançar mão de atividades interativas em que existam o diálogo, a troca entre os alunos, a participação e a cooperação. Também é importante ter conversas individuais com os alunos, olhar o caderno e as produções, perguntar o que aprenderam e do que gostaram. O questionamento constante dá aos estudantes a oportunidade de aprofundar as suas respostas. Para que você aproveite tudo isso, o registro diário é fundamental. "A observação só se torna um instrumento válido quando é registrada. As anotações mostram em que as crianças se desenvolveram e em que elas ainda precisam avançar", afirma Jussara. Você pode ainda avaliar a produção de texto individual, as manifestações dos alunos sobre diversos assuntos ou sobre um mesmo tema, em vários momentos e as atividades menores, individuais e freqüentes, corrigidas imediatamente. É preciso garantir que o aluno possa expressar seu conhecimento de muitas maneiras (em músicas, textos, pinturas, fotos). Tudo isso contribui para a aprendizagem. O processo é semelhante a um percurso e seu papel não é esperar os alunos no final. Você acompanha a turma, ajudando a ultrapassar os obstáculos do caminho.


3. Contextualização: ela vai muito além da relação com o cotidiano
Existe uma certa confusão sobre o significado do termo contextualizar. A primeira definição é a de que se trata de trazer o assunto para o cotidiano dos alunos. É também, mas não só isso. Muitos conceitos e conteúdos são contextualizados na própria disciplina. "Isso significa colocar o objeto de estudo dentro de um universo em que ele faça sentido", afirma Ruy Berger, consultor em educação, de Brasília. Imagine que você está dando uma aula sobre divisão celular. Os estudantes precisam saber o que é DNA para poder entender o processo. Portanto, o DNA passa a ser um objeto de estudo que faz sentido nesse conteúdo, que é a divisão das células. Esse é um exemplo de contextualização que não está necessariamente ligado à vida das crianças (o que não impede que o professor diga que o DNA faz com que elas se pareçam com os seus pais, por exemplo). Entendido isso, evitam-se situações forçadas, em que o professor se sente na obrigação de relacionar todo e qualquer conteúdo à vida dos alunos. Algumas vezes, aquilo que ele não consegue contextualizar acaba até sendo excluído do currículo o que prejudica, e muito, a aprendizagem da turma.


4. Objetivo: só depois que ele é definido, vêm o conteúdo e a metodologia
Os objetivos que o professor deseja alcançar devem sempre preceder sua ação. O ideal é estabelecer primeiro um objetivo e, depois, um caminho para alcançá-lo o que inclui definir o conteúdo e a metodologia. "É preciso ficar atento para ver se a escola não está fazendo o contrário: definindo o caminho, que é passar um conteúdo preestabelecido, para depois pensar nos objetivos", alerta Danilo Gandin, especialista em planejamento da educação, de Porto Alegre. Segundo ele, muitas vezes os professores ficam presos à obrigação de trabalhar o currículo preestabelecido e, ao mesmo tempo, à necessidade de fixar objetivos, mesmo que eles não façam sentido. "Aparecem situações estranhas: enquanto o objetivo é desenvolver a consciência crítica, o conteúdo a ser passado é a crase", afirma. Obviamente o que domina a cena é a crase, que o professor pensa que tem de ensinar. O objetivo aparece apenas porque alguém disse que ele deveria estar lá. Para Gandin, é preciso pensar no que vai ser feito e para quê. Dois exemplos de objetivos que norteiam um trabalho: 1) realizar um estudo sobre a escravidão para aumentar a solidariedade e compreender mais profundamente o significado da liberdade; e 2) estudar a variação dos preços em dois supermercados para iniciar a compreensão do processo econômico no país. Esses objetivos, é bom lembrar, devem sempre estar alinhados com a proposta pedagógica da escola. Os conteúdos e a metodologia, portanto, são o caminho a ser trilhado com base no que se estabeleceu como meta.

5. Conhecimento prévio e interesse dos alunos: quem descobre é você
Os conteúdos abordados em sala de aula devem, basicamente, contribuir para a formação de cidadãos conscientes, informados e capazes de melhorar a sociedade. Por isso, é muito comum os professores tentarem montar suas aulas tendo como centro do trabalho o interesse dos alunos. Dessa maneira, eles teriam mais elementos para refletir sobre o meio em que vivem e sobre o que os cerca. Essa prática, porém, nem sempre garante bons resultados. "Ocorre até o contrário. Ao dar importância somente ao que os estudantes já conhecem, muitas vezes os professores acabam caindo na superficialidade, presos a interesses imediatos", alerta Danilo Gandin. Segundo ele, como conseqüência, surge um currículo ditado pelas circunstâncias, que destaca acontecimentos pontuais e não um roteiro de trabalho construído com base na relação entre a proposta pedagógica e a realidade. "Essa questão só se resolve quando a equipe de cada escola define os grandes horizontes políticos e pedagógicos de seu trabalho e, confrontando esses grandes ideais com a realidade e com a prática, descobre as necessidades de seus alunos", conclui.


6. Trabalho Interdisciplinar: as matérias se unem e os alunos aprendem
A interdisciplinaridade ocorre quando, ao tratar de um assunto dentro de uma disciplina, você lança mão dos conhecimentos de outra. Ao estudar a velocidade e as condições de multiplicação de um vírus, por exemplo, é possível falar de uma epidemia ocorrida no passado devido às precárias condições de saúde e higiene e à pobreza do local. Daí, é possível até explorar, em outros momentos, os aspectos políticos e econômicos que geraram tamanha pobreza. A interdisciplinaridade é, portanto, a articulação que existe entre as disciplinas para que o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado. É muito comum a idéia de que, ao utilizar um tema gerador, se garante a interdisciplinaridade. "Ela não se resume em escolher um tema e abordá-lo segundo a visão de duas ou mais disciplinas", afirma Ruy Berger. Ao estudar a questão dos índios, por exemplo, o professor de História fala sobre a colonização do Brasil, o de Língua Portuguesa trabalha as lendas indígenas e o de Matemática acaba propondo um problema sobre o índio: isso não garante a relação entre as disciplinas. O tema gerador pode ser um ponto de partida, mas não o centro do estudo e nem se alongar muito, para os alunos não se cansarem. Ao planejar, portanto, é importante levantar quais são as possibilidades de trabalhar de forma interdisciplinar ao longo do ano. Essas oportunidades podem ser criadas com base nas pesquisas dos alunos e do próprio professor ou em parceria com os colegas de outras disciplinas.


7. Seqüência didática: uma série de aulas que desafia e ensina os alunos
A seqüência didática é um conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado conteúdo sem ter um produto final. Sua duração varia de dias a semanas e você pode elaborar várias seqüências ao longo do ano, de acordo com o planejado ou com a necessidade dos alunos detectada pelo caminho. É possível, inclusive, aplicar essa modalidade ao mesmo tempo em disciplinas diferentes. "O princípio da seqüência didática é dar ao aluno desafios cada vez maiores para que ele se desenvolva", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac) e do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. Por exemplo: você quer que seus alunos aprendam o uso do "r" e do "rr". Primeiro observa o que eles já sabem a respeito e depois elabora uma série de aulas com várias atividades, jogos, questionamentos e muita reflexão, aumentando gradativamente a complexidade dos desafios propostos. Com esse tipo de abordagem, os alunos vão, aos poucos, percebendo que não existem palavras que começam com "rr" ou que não se usa "rr" após o "s", por exemplo. A seqüência didática é indicada, ainda, quando se quer trabalhar o universo de um determinado autor. "Além de ler suas obras, as crianças verão nessas aulas o que o autor escreve, que livros já publicou e qual o seu estilo", diz Regina. Se a idéia é trabalhar as diferentes versões da história do Pinóquio, outra seqüência pode ser estabelecida: leitura feita pelo professor do original e de uma segunda versão, leitura e reescrita em grupos de trechos de outras versões e a exibição de um filme sobre o personagem. Trabalhando dessa forma, os conteúdos se distribuem de maneira intencional e mais consistente.


8. Temas transversais: o pano de fundo do trabalho da escola
Temas transversais não são disciplinas, apenas permeiam todas elas. Se a escola decide abordar ética de maneira transversal, não pode estipular uma aula sobre o assunto uma vez por semana e esquecer dela no restante dos dias. "Esses temas precisam estar presentes em todas as disciplinas, o tempo todo, como pano de fundo do trabalho da escola", orienta Josca Baroukh, selecionadora do Prêmio Victor Civita. Segundo Josca, ao abordar os temas transversais, o professor leva os alunos a refletir para que eles tenham condições de construir conceitos, em vez de apenas coletar informações a respeito. "Caso contrário, é possível que os estudantes organizem uma coleta seletiva no bairro ou arrecadem alimentos para um asilo sem pensar no porquê de fazer aquilo", afirma. Se a escola propõe à garotada, por exemplo, mobilizar a população e a prefeitura da cidade para fazer um poço artesiano em benefício de uma comunidade que vive na seca, é preciso, antes da ação, uma reflexão profunda. O que é a seca? Que problemas ela traz? Um poço é a melhor solução para o momento? Há outras formas de contribuir? E, principalmente, por que devemos contribuir? Para Josca, não é apenas o conteúdo escolar que dá gancho a esse tipo de trabalho. "Uma notícia de jornal e até um conflito em sala de aula podem ser mote para reflexão. É um trabalho contínuo, que nem sempre depende do planejamento das aulas."


9. Tempo didático: para não errar na dose, é preciso ter objetivos claros
Muitas vezes é difícil definir quanto tempo será gasto para desenvolver um tema, uma atividade ou um projeto. Para não errar na medida, é fundamental ter em mente três pontos: o que você quer ensinar, como cada um de seus alunos aprende e como você irá acompanhar e avaliar o trabalho da garotada. "Se o tempo previsto der errado, é porque pelo menos um desses três itens não foi observado", afirma Regina Scarpa. Na prática, isso significa que você deve estabelecer, primeiramente, os objetivos e os conteúdos (seja para uma aula ou para um projeto mais longo). Depois, pensar nas atividades a ser desenvolvidas, baseando-se na maneira como seus alunos aprendem. Então, considerar que é preciso tempo para avaliar, constantemente, a produção da garotada e, dessa forma, saber se será necessário estender a abordagem de um ou outro conteúdo, sobre o qual as crianças apresentaram dificuldades. "É possível prever o tempo de um projeto, apesar dessas variações no meio do caminho", diz Regina. Por isso, é importante planejar o encerramento com certa antecedência em relação ao fim do bimestre ou do semestre. Se algum aluno não aprender, haverá uma folga. "Não faz sentido o professor fazer a revisão dos textos ou ilustrar um trabalho no lugar dos alunos porque o tempo acabou e é hora de concluir o projeto", diz Regina.


10. Inclusão: a escola leva o aluno com deficiência a avançar
Receber uma criança com deficiência não deve ser motivo de angústia. Cada vez mais a inclusão escolar tem sido discutida no meio educacional, e os professores hoje conseguem encontrar, em parceria com os pais, a coordenação da escola e os especialistas nas deficiências, caminhos seguros para trabalhar. "A escola serve para ampliar os conhecimentos dos estudantes. Por isso, o primeiro passo é procurar saber o que o aluno com deficiência já sabe e quais são as possibilidades que ele tem de aumentar esses conhecimentos", ressalta Maria Teresa Eglér Mantoan, da Universidade Estadual de Campinas. Procure descobrir como tem sido a experiência da criança, pesquisando seu histórico escolar e trocando informações com os pais e os professores das séries anteriores. Se ela estiver recebendo atendimento educacional especializado no contraturno em alguma instituição, é importante conversar com os especialistas ao longo de todo o ano para acompanhar seu desenvolvimento. Isso pode ajudar muito a planejar as aulas, definir estratégias e escolher os melhores materiais o que é bom não só para o aluno com deficiência mas para a turma toda. Se sua escola já oferece esse atendimento, a parceria com o professor especialista se dará de maneira ainda mais efetiva, pois o contato é diário. No caso de haver uma criança cega, esse profissional pode, por exemplo, ajudar você a elaborar materiais concretos para ensinar um conteúdo de Matemática (como figuras geométricas feitas em relevo, com tinta plástica ou sementes coladas no papel). "O professor deve receber essa criança como ele recebe todas as outras. Ela é, acima de tudo, um aprendiz", afirma Maria Teresa.


11. Matemática: interação entre os conteúdos é essencial
O melhor caminho para garantir o aprendizado da turma é relacionar os conteúdos matemáticos e mostrar como eles se complementam. Isso é o que dá significado ao estudo. Geralmente, os tópicos aparecem de forma fragmentada, como se não tivessem nenhuma ligação entre si. Na prática, é como ensinar multiplicação com o objetivo de fazer o aluno calcular mais rapidamente e de cabeça, sem fazer nenhuma relação com situações em que a operação é necessária. "O professor deve organizar os temas de forma que possam ser vistos como uma rede de significados", aponta Maria Sueli Cardoso, selecionadora do Prêmio Victor Civita. Por exemplo: em vez de pedir à turma apenas para calcular quanto é 2 x 4, é possível pedir para desenhar em um papel quadriculado duas colunas com quatro linhas. Assim todos perceberão que 2 x 4 é igual a 8 quadradinhos. Esse resultado significa também a área de um retângulo (com 2 unidades de altura e 4 de comprimento). Nesse tipo de atividade, estão relacionados multiplicação, figura geométrica e perímetro. "É sempre interessante que o aluno compreenda que um mesmo assunto pode ser estudado sob vários aspectos", diz Sueli.


12. Língua Portuguesa (1ªa 4ª): mais importância para a oralidade
Atividades de leitura e escrita aparecem muito nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Mas e a oralidade, onde fica? Para Eliane Mingues, selecionadora do Prêmio Victor Civita, é importante criar situações em que as crianças utilizem as três práticas. Elas podem elaborar uma coletânea de contos ou poemas; um livro de receitas; ou o encarte de um CD com as canções preferidas da turma. Para fazer a coletânea de poemas, por exemplo, a garotada tem que ler, selecionar, recitar e escrever as poesias. Essas situações ensinam a leitura e a escrita e também a oralidade, o que será útil para a vida dentro e fora da escola. "Alunos que não vivem situações de fala formal em sala de aula podem demorar mais para construir esse conhecimento", afirma. Surge, assim, a dificuldade em se expressar, elaborar apresentações e criar argumentos sobre o que pensam. O mesmo vale para a dificuldade em anotar, pesquisar e resumir. "Quando as crianças já estão alfabetizadas, pode-se focar em atividades que dão mais autonomia em relação à leitura e à escrita, como a entrevista", sugere Eliane. A atividade proporciona uma situação comunicativa em que os alunos precisam escrever um texto de gênero específico para leitores reais e que será publicado no mural ou boletim da escola.


13. Língua Portuguesa (5ªa 8ª): gramática como uma ferramenta
É importante não separar o estudo das regras da língua da leitura e produção escrita. "A reflexão sobre os mecanismos da língua produz um aprendizado mais consistente quando é feita misturada ao ler e escrever", afirma o selecionador do Prêmio Victor Civita Ricardo Barreto. Para envolver a garotada no ensino da gramática, um bom caminho é associá-la a situações concretas. Transformar um texto formal em coloquial, comparando as palavras e as estruturas que foram alteradas, é um bom exercício. Escrever uma reclamação a uma autoridade e, em seguida, contar o fato a um amigo, também por carta, é outra
opção. "A idéia é levar o aluno a perceber as possibilidades da língua sem ter de decorar regras", diz Barreto. Ele destaca mais uma estratégia: fazer os estudantes pesquisarem as diferenças entre textos de diversos gêneros, como o de divulgação científica, a crônica e a notícia. Durante a leitura, eles acabarão comparando os elementos gramaticais utilizados em cada um. "Por fim, o professor pode solicitar ao aluno que escreva sobre o que aprendeu. Essa prática também estimula a reflexão sobre a língua."


14. Língua Estrangeira: as palavras precisam de contexto
Ninguém esquece sua língua materna quando aprende uma língua estrangeira. O que acontece é bem o contrário: quanto mais o aluno utiliza o conhecimento que adquiriu em sua vivência e sobre o próprio idioma, melhor entende uma segunda língua. Por exemplo: certa vez uma empresa lançou uma campanha publicitária com o slogan Put a tiger in your tank. "Para entender a mensagem, não basta saber o significado de cada palavra. É preciso conhecer uma série de elementos prévios", afirma a selecionadora do Prêmio Victor Civita Celina Bruniera. "Ajuda, por exemplo, conhecer as características do texto publicitário e saber que o tigre representa força e agilidade e que é o símbolo de uma distribuidora de combustível." Outro exemplo: lendo a palavra engaged isolada, o aluno terá mais dificuldade de entender seu sentido do que se vê-la na fechadura da porta de um banheiro público. "Se disserem a ele que, ao girar a fechadura, a palavra desaparece e, em seu lugar, surge vacant, será mais fácil concluir que vacant significa vago e engaged ocupado." Celina ressalta, no entanto, que, ao tentar tornar o ensino interessante, muitos professores se esquecem dos gêneros textuais e abusam de atividades lúdicas sem contextualização. Disso surgem palavras cruzadas e joguinhos que só ajudam a decorar palavras.


15. História: de olho no presente para transformar o futuro
Estudar história local com a turma é uma prática muito comum e pode ser uma experiência importante e enriquecedora desde que o resultado não se torne uma mera coletânea de curiosidades, hábitos e causos sobre o lugar e seus moradores. Por isso, ao pensar nos conteúdos que serão abordados durante o ano, é preciso levar em conta as respostas para algumas perguntas que você deve fazer a si mesmo: posso com isso contribuir para transformar minha região? Em que esse assunto ajudará meu aluno em sua vida diária e no seu processo de formação como cidadão? Como fazer com que ele tenha uma aprendizagem significativa? "Em cada contexto social, político e geográfico as respostas são diferentes. Portanto, só o professor tem reais condições de respondê-las e de formular as melhores propostas didáticas", diz o selecionador do Prêmio Victor Civita Daniel Helene. "O importante é levar os alunos a enxergar a realidade com um olhar crítico." No norte do Maranhão, por exemplo, algumas empresas usam mão-de-obra infantil. Por que não estudar a história local para compreender essa problemática? Em alguns municípios de Rondônia, na fronteira com a Bolívia, muitos estudantes discriminam os colegas vindos do país vizinho. Estudar a formação dessas cidades é um caminho para combater o preconceito. Ações como essas, baseadas em problemas que exigem solução imediata, tornam o ensino de História dinâmico.


16. Geografia: ela não está só nos mapas, mas também no cotidiano
Para que essa disciplina faça sentido desde a Educação Infantil, uma boa seqüência de conteúdos é fundamental. Caso contrário, conceitos como ordem, hierarquia e proporção — importantes para a área — não serão assimilados pelas crianças. Segundo Sueli Furlan, selecionadora do Prêmio Victor Civita, as primeiras noções de Geografia são adquiridas ainda na pré-escola. Para que a criança aprenda cartografia, por exemplo, deve-se partir do conhecimento prévio que cada uma delas possui. "Para calcular uma distância, os alunos podem usar objetos de diferentes tamanhos, passadas, o palmo ou um barbante", exemplifica. Dessa forma, ao chegar à 1ª série, eles já adquiriram conhecimento sobre espacialidade e hierarquia. Daí em diante, brincadeiras e jogos ajudam. No futebol, conhecer as posições dos jogadores faz a turma assimilar noções de perto, longe, ao lado, fora, dentro e lateral direita e esquerda. De 5ª a 8ª série, é hora de usar os mapas como fonte de informação para o estudo do mundo em que vivemos. Os alunos devem estudar como se produz a cartografia, quais são suas fontes de informação e qual o papel das cores, dos números e dos símbolos nos mapas.


17. Educação Infantil: o segredo é a autoconfiança do professor
Ouve-se muito que o professor de creche e de pré-escola não pode ser autoritário e que deve se basear no interesse da turma. Mas o verdadeiro responsável pela definição dos temas e das atividades a ser desenvolvidas é ele mesmo. Deixar a cargo dos alunos essa escolha não é sinônimo de liberdade nem demonstra uma postura pedagógica avançada. "O professor precisa conhecer o modo como as crianças aprendem e como se desenvolvem e levar isso em conta na hora de planejar cada aula", afirma a selecionadora do Prêmio Victor Civita Regina Gomes Sodré. Segundo ela, deve-se compartilhar com as crianças algumas etapas do trabalho — pois isso também ensina a estudar e a planejar —, mas sem deixar que elas tomem todas as decisões. Na construção de uma maquete, por exemplo, vale uma conversa com os alunos sobre o material a ser utilizado e sobre o que será representado, além de fazer com eles um cronograma, que será utilizado ao longo do trabalho. Esta é a melhor maneira de envolver as crianças e garantir o interesse pela aula: escolher temas adequados à faixa etária, que sejam relevantes do ponto de vista cultural, estejam relacionados ao local em que a escola está inserida e sejam propostos de forma instigante.


18. Educação Física: o programa vai além do conteúdo esportivo
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), as aulas de Educação Física devem trazer discussões sobre assuntos como ética, cidadania, respeito às diferenças e cooperação. O cuidado constante com essas questões é essencial e se aplica até mesmo durante um campeonato de futebol. Sempre os escolhidos para formar os times são os mais hábeis e competitivos. Ficam para trás aqueles que, por algum motivo, têm dificuldade para jogar. "Cabe ao professor discutir o problema claramente e perguntar por que foi escolhido este e não aquele aluno", afirma Paulo Henrique Nilo Monteiro, selecionador do Prêmio Victor Civita. "Essas respostas vão permitir a ele trabalhar a questão das diferenças, que não se restringem às habilidades físicas, mas que são também socioeconômicas e culturais." Discussões desse tipo podem fazer parte da vivência diária dos alunos. "Não adianta apenas falar sobre as diferenças e continuar propondo somente atividades clássicas, como os jogos esportivos", afirma Monteiro. Para ele, uma boa alternativa é trabalhar com os chamados jogos cooperativos, em que são valorizados elementos como aceitação, envolvimento, colaboração e diversão. "Joga-se com o outro e não contra o outro. Para alcançar os objetivos é preciso esforço e dedicação."


19. Ciências: sem a dúvida, a turma não avança no conhecimento
"A dúvida é, por excelência, o motor da ciência", afirma Maria Terezinha Figueiredo, selecionadora do Prêmio Victor Civita. "O questionamento deve fazer parte da aula do início ao fim." Em classe, enquanto os assuntos são trabalhados, você pode estimular os alunos a fazer também suas perguntas. Ao estudar a fotossíntese acompanhando a germinação de alguns feijões, por exemplo, experimente questionar a turma: o que tem dentro da semente? Por que comemos feijão? "Quando o professor estimula o aluno a elaborar perguntas, está instigando sua capacidade de enxergar o feijão de um jeito diferente do que é apresentado ali", afirma. A dúvida leva a criança a uma ação investigativa sobre o problema, aproximando-a do conhecimento. "Sem reflexão e investigação, a ciência não progride. Como pesquisar se não há algo a descobrir?", indaga Maria Terezinha. Ao se questionar, a criança verá que há inúmeras coisas que a ciência ainda não desvendou. "O professor precisa mostrar que muitos conceitos hoje aceitos são passíveis de mudança, pois a ciência é dinâmica."


20. Artes: uma disciplina que também se ensina e se aprende
As aulas de Artes não dependem do talento ou da sensibilidade dos alunos. A disciplina funciona como qualquer outra: existe um conteúdo, que pode ser ensinado — e aprendido por todos. Segundo a consultora Zá Marisa Szpigel, de São Paulo, um bom caminho é mesclar a visão tradicional do ensino da matéria (em que o estudante baseia seu trabalho em modelos já prontos) com a menos convencional (em que o professor valoriza a espontaneidade da criança para criar). Com base nessa interação, o professor propõe modelos e também cria situações para que o aluno utilize as próprias idéias para transformar as referências que possui. Ele pode, por exemplo, apresentar uma pintura famosa como referência. Ao pintar, a criança não deve, no entanto, fazer uma cópia fiel ou dominar as mesmas técnicas que o artista. O que vale é a criatividade. O aluno define quais materiais usar, se prefere trabalhar sozinho ou em grupo e quanto tempo necessita para as tarefas. Essas oficinas dão ao professor a chance de apresentar os conteúdos e ao mesmo tempo explorar as capacidades dos alunos sem cobrar deles uma produção artística primorosa. Todos têm a mesma oportunidade de criar, a seu modo, sem ser comparados. "Ao propor ao aluno desenhar uma paisagem, não se deve dizer de que modo ele fará isso ou que tom de verde usará na grama"

FICHA DE LEITURA
domingo, 3 de abril de 2011 by Reciclagem de Artigos in

FICHA DE LEITURA

Assunto:_______________________________________________________________________________________________________________________

Dados de Identificação:____________________________________________________________________________________________________________________

Páginas Citação do texto Degustação

Reflexão do Professor
by Reciclagem de Artigos in

José Eduardo Baroneza* e Shirlei Octacílio da Silva Para atuar no ensino superior não é exigido o curso de licenciatura, muitos profissionais recém-formados ingressam neste mercado de trabalho sem ter contato, no decorrer da graduação, com disciplinas que enfoquem teorias psicopedagógicas. O resultado é que, atualmente, há professores de ensino superior capacitados para atuarem nas suas áreas específicas, mas despreparados para exercer a atividade docente de forma crítica, o que pode ser observado pelo excesso de aulas expositivas tradicionais, baseadas quase que exclusivamente na transmissão de conhecimento, em detrimento de aulas em que se valorize o desenvolvimento do aluno com o objetivo de torná-lo um sujeito crítico e transformador da sociedade e não meramente um especialista em reproduzir idéias pré-concebidas. Entre os alunos que não estavam satisfeitos, os problemas apontados foram: professores mal qualificados, professores sem experiência, muita teoria e pouca prática, falta de interesse da faculdade e de alguns professores, falta de didática, péssimo aprendizado em algumas disciplinas, entre outras coisas. O documento-síntese do Seminário Internacional Universidade XXI – Novos Caminhos para a Educação Superior – (Brasil, 2003; p. 3) registra que “A característica fundamental da atual crise do ensino superior é a sua incapacidade de enfrentar os desafios e dar respostas adequadas às necessidades sociais de um mundo globalizado que não é solidário na produção, distribuição e utilização democrática do conhecimento”. Entendemos que tal crise deve ser enfrentada com um ensino que prime, sobretudo, pela qualidade, o que passa pela formação de professores capazes de atuar de modo consciente e transformador, tanto nas instituições já estabelecidas como nas que há por vir. Até meados do século XX, de acordo com Lopes (1996), o professor era considerado o detentor do saber e deveria dominar os conteúdos fundamentais a serem transmitidos para os alunos. Neste contexto, a aula expositiva era reconhecida como a técnica mais adequada à transmissão de conhecimento na sala de aula, de modo que a aprendizagem consistia exclusivamente em memorizar os novos conhecimentos que os professores transmitiam em aulas expositivas ou que os alunos liam nos livros texto, e o progresso dos alunos era medido pela sua habilidade em recitar aquilo que tinham lido ou ouvido. A partir da metade do século XX, em meio a críticas severas à pedagogia tradicional, constituiu-se a denominada “pedagogia nova”, em que o aluno, e não mais o professor, passou a ser o centro do processo de ensino-aprendizagem, que se daria mediante a reconstrução das experiências, e, por meio dessa reconstrução, caminhar-se-ia para a transformação social, conforme postula Teixeira (1978). No entanto, ainda hoje podemos encontrar a opção por aulas expositivas com características predominantemente tradicionais em todos os níveis de ensino, inclusive no superior. Assim sendo, visto a atual conjuntura da educação superior no Brasil, e apoiados no Artigo 43, da Lei 9394, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996) a qual ressalta que “A educação superior tem por finalidade estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo” acreditamos, assim, ser necessária a introdução de conteúdos das áreas de Psicologia da Educação e Metodologia do Ensino na formação de todos aqueles que podem vir a se tornar professores do ensino superior, licenciados ou não. Fundamentos teóricos e discussão. Primeiramente gostaríamos de enfatizar a diferença semântica que existe entre os vocábulos ensino e educação. Segundo Ferreira (1999), ensino refere-se à transmissão de conhecimentos, informações ou esclarecimentos úteis ou indispensáveis à educação; educação, por sua vez é o processo pelo qual o ser humano se manifesta em suas múltiplas possibilidades, inclusive a de elaborar, metabolizar, assimilar e transmitir conhecimentos na escola e na sociedade, construindo a cultura e a transcendência. Assim sendo, faz-se necessário atentar à amplitude que o tema educação representa a formação de futuros profissionais. A transferência de conhecimento não pode ser de maneira nenhuma, confundida com o verdadeiro sentido de educar. Portanto, neste trabalho, evitaremos falar em processo de ensino-aprendizagem, a não ser em citações. Acreditamos que o mais conveniente para as idéias que defendemos é a utilização do termo educação-formação. Cowan (2002) considera que o processo de educação, em qualquer nível de ensino, depende da criação proposital de situações nas quais aprendizes motivados não devem conseguir escapar sem aprender ou desenvolver-se. O mesmo autor postula que a aprendizagem só ocorre quando a estudante pensa ativamente sobre as novas idéias expostas pelo professor e tenta utilizá-las, apoiando-se em suas experiências e conhecimentos anteriores. No mesmo sentido, Adrian (2004) registra que educação é toda influência exercida por um indivíduo sobre outro, no sentido de despertar um processo de evolução. Logo, educar é muito mais que apenas transmitir informação, assim como aprender é mais que apenas absorver o que foi ensinado. De acordo com a visão de Moretto (2003), um professor completo é aquele que é também educador, que sente prazer em provocar aprendizagem e, para tanto, ele deve ser capaz de se ajustar a uma larga variedade de estudantes, oriundos de realidades sociais, econômicas e culturais diferentes. Segundo a visão de Marques (1999), cada nível e modalidade de ensino requerem certas condições para os seus professores, com base nas quais é possível prognosticar sucesso no magistério. O exercício da docência deve ser diferenciado em cada modalidade de ensino – Infantil, Fundamental, Médio e Superior. Em se tratando de ensino superior, Vasconcelos (1996) afirma que o professor universitário deve ser um profissional que conheça profundamente o campo do saber que pretende ensinar, detentor de necessário senso crítico e conhecimento da realidade que o cerca, para fazer uma análise criteriosa do conteúdo a ser transmitido e suficientemente preparado para, com base neste mesmo conhecimento e amparado na complementaridade da perícia de seus pares, ser capaz de produzir um novo conhecimento, inovando e criando. No entanto, como pressupomos a especialidade no campo onde se almeja ensinar é fundamental na educação superior, mas não suficiente. Além de especialização e competência na área, é imprescindível que o docente, mediador no processo educação formação, conheça e aplique, em sala de aula, conceitos da Psicologia da Educação e da Metodologia do Ensino (Anastasiou, 1998), bem como atue de forma crítica, voltada para o desenvolvimento do aluno, na elaboração das atividades intrínsecas ao currículo da instituição. Quanto às qualidades ou condições para o exercício do Magistério Superior, Larroyo (1974) estabelece que estas se consubstanciam em duas direções: a vocação pedagógica e as condições profissionais. Vários pensadores contribuíram de maneira significativa para a atual compreensão de como o processo de educação-formação pode ser consolidado, dentre eles, podemos citar Jean Piaget, biólogo e filósofo suíço, que viveu de 1896 a 1980. Segundo o autor, a inteligência é uma forma de adaptação humana, que admite paralelismo entre processos intelectuais e biológicos, realizada por meio da criação contínua de estruturas mentais cada vez mais complexas e em progressivo equilíbrio com o meio (Piaget, 1982). Piaget distingue etapas sucessivas no desenvolvimento da inteligência e tenta explicar como as estruturas mentais evoluem ao longo da vida para proporcionar o aprendizado significativo. Embora seus estudos tenham iniciado a partir da observação de crianças, em sua teoria, a qual denominou Epistemologia Genética, Piaget faz considerações importantes a respeito do processo de educação-formação, desde crianças até adultos. O pensador não acredita que todo o conhecimento seja inerente ao próprio sujeito, nega o fato de o conhecimento provir totalmente das observações do meio que o cerca. Para ele, em qualquer nível, o conhecimento é gerado por meio da interação do sujeito com seu ambiente, de modo que a aquisição de conhecimentos depende tanto de estruturas cognitivas inerentes ao próprio sujeito, como de sua relação com o objeto de aprendizagem (Piaget, 1982). De outro ponto de vista, Burrhus Frederic Skinner, psicólogo nascido nos Estados Unidos, que viveu de 1904 a 1990, não se interessa pelas estruturas mentais, e tenta explicar o comportamento e a aprendizagem como conseqüência dos estímulos ambientais. Sua teoria fundamenta-se no poderoso papel da recompensa ou reforço e parte da premissa fundamental que toda ação que produz satisfação tenderá a ser repetida e aprendida (Reynolds, 1968). Skinner é um crítico do controle aversivo, ou seja, do uso de estratégias punitivas, por parte dos professores na intenção de obrigar os alunos a estudar (Skinner, 1967). Dentre tais estratégias, o autor combate a repreensão, o sarcasmo, a retirada de privilégios e os exames avaliatórios, utilizados por professores adeptos às aulas expositivas tradicionais, pois sob tais penas, o estudante passa grande parte do seu dia fazendo coisas que não deseja fazer e para as quais não há reforços positivos. Segundo o autor, estudantes devem ser encorajados a explorar, a fazer perguntas, a trabalhar e a estudar, independentemente para serem criativos e se desenvolver em suas plenitudes. Neste sentido, ao invés de assumir um caráter punitivo e sofrer o risco de formar um cidadão temeroso em suas ações, repetidor de verdades prontas, acredita-se que os professores de ensino superior deveriam se esforçar na tentativa de encontrar formas menos punitivas possíveis de promover o ensino, de forma que os alunos tenham prazer em aprender e, desta forma, tornem-se profissionais competentes, envolvidos com as transformações sociais e tecnológicas necessárias ao desenvolvimento do mundo contemporâneo. Um terceiro pensador bastante importante por suas teorias sobre o processo de educação-formação é o russo Lev Semyonovich Vygotsky (1896-1934), que tem sido considerado, ao longo dos últimos anos, um psicólogo do desenvolvimento subsidia teóricos fundamentais às questões educacionais, pois, segundo considera Isaia (1998, p. 23), “sua teoria envolve a supremacia do componente sóciocultural sobre o biológico-natural, pois as fontes do desenvolvimento psicológico não se encontram no indivíduo, mas principalmente no sistema de comunicação e de relações sociais que ele estabelece com outras pessoas”. A proposta de Vygotsky (1984) parte de uma construção social do conhecimento enfatizando, os aspectos interacionais, a necessidade de professores como mediadores e a promoção do desenvolvimento via aprendizagem. Ainda no dizer do mesmo autor, o cérebro humano é a base biológica por meio da qual se assenta o desenvolvimento, mas as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem e dependem mais da relação do homem com o mundo que do estágio de maturação do cérebro. Rabello e Passos (2007) referem que, para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar uma tarefa, se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem esta aprendizagem. Vygotsky (1984) registra que o processo educativo tem por função própria transmitir o conhecimento acumulado pelas gerações anteriores, além das formas de ação, no mundo, próprias da cultura. Desta forma, o autor focaliza a educação no aluno e não no professor, e, de acordo com sua teoria, o papel do professor deve ser de mediador da aprendizagem, proporcionando momentos de interação que possibilitem aos alunos a compreensão e a resolução dos problemas inerentes a cada área de ensino. De acordo com Bordenave e Pereira (1998), as análises de Piaget, Skinner e Vygotsky, embora partam de princípios epistemológicos distintos, formam a base da discussão sobre a origem do conhecimento e, conseqüentemente, sobre o papel do professor no desenvolvimento crítico do aluno. Conforme relata Moretto (2003), constantemente se pode ouvir em instituições de ensino reclamações de professores em relação a atitudes de alunos, em particular, e de turmas, no coletivo. De maneira geral, as reclamações quase sempre giram em torno dos seguintes contextos: falta de base dos alunos para acompanhar o conteúdo específico de sua disciplina, falta de vontade da turma em aprender o que está sendo exposto, de que os alunos não estudam etc. No entanto, ao fazer estas críticas, tais professores se protegem da autoanálise que os leve a refletir, com a devida amplitude, sobre o que está atrapalhando o desempenho dos alunos. Marques (1999) postula que a técnica da aula expositiva, para surtir efeitos desejados, exige do grupo de ouvintes certas condições de maturidade e identidade com o problema apresentado ou com o expositor, cuja empatia dependerá, em muito, do interesse do grupo. Uma aula expositiva, que não envolva o aluno de modo que ele interprete o conhecimento e verbalize a compreensão, tem várias desvantagens como, por exemplo: permitir a prática do dogmatismo e do verbalismo, improdutivos em termos educacionais e da aprendizagem; estimular a passividade do aluno ou ouvinte; não permitir controlar, por muito tempo e de forma eficaz, a atenção do aluno; estimular a prática do formalismo; não estimular a interação entre orador/expositor/professor e o aluno pela desconsideração do conhecimento prévio deste em relação ao tema que será tratado em aula. No entanto, de acordo com Moretto (2003), o aluno tem uma vivência que lhe permite construir uma estrutura cognitiva formada por idéias e concepções prévias, ligadas ao senso comum de seu meio social e às representações que ele mesmo constrói em função de suas próprias experiências, estando estas ligadas ao contexto do sujeito e, sobretudo, à linguagem utilizada em seu grupo social. Ainda, segundo Moretto (2003), a escola, por seu lado, tem como função propor um outro conjunto de saberes, um “saber oficial”, que pode ser chamado de “concepções escolares”. Este saber é selecionado, pela escola, a partir do conjunto dos saberes construídos socialmente. Teoricamente, os critérios para esta seleção é a relevância dos conteúdos para aquele contexto, o grau de complexidade em sua elaboração e a possibilidade de se construir pontos de ancoragem para novas aprendizagens. Na relação entre aluno e professor, observa-se, com freqüência, em particular nas aulas expositivas, uma dicotomia entre as concepções prévias e as escolares. Como as primeiras são frutos do contexto, elas são consideradas para o professor que adota a aula expositiva-padrão como representações sem importância ou mesmo erradas. Neste caso, julga-se que a função do professor é transmitir ao aluno o que é certo para que ele abandone suas idéias prévias e passe a adotar as concepções oficiais. E para ter certeza que isso ocorrerá, a escola faz provas com o objetivo de verificar se o saber oficial foi absorvido e está sendo repetido com perfeição. Moretto (2003) considera que esta postura deixa de o aluno como ponto de partida do processo de construção do conhecimento, isto é, o que ele já sabe quando algo novo lhe é ensinado, uma vez que o aluno costuma justapor concepções prévias às concepções escolares, usando uma ou outra, conforme a conveniência, sem ressignificá-las. Para corrigir tais erros, o processo de apropriação do conhecimento proposto na perspectiva construtivista sócio-interacionista indica um caminho alternativo para uma nova relação de ensino que leve à aprendizagem significativa e venha fortalecer os alicerces do ensino superior naquilo que o caracteriza. A universidade, de acordo com a formação de professores do ensino superior é um espaço de produção de conhecimento, de resoluções de problemas tecnológicos e de criação de um espírito crítico que permita ao estudante reconstruir os seus percursos de formação na base de valores concretos”. No mesmo sentido, para Habermans (1993, p. 60-61), a função da universidade está ligada “não apenas com o desenvolvimento técnico e a preparação para profissões acadêmicas, mas também com a educação em geral, a tradição cultural e o esclarecimento crítico”. Assim sendo, muitas vezes se faz necessário rediscutir e reavaliar o processo do ensino superior para que este assuma seu papel transformador e de mobilizador social. Entendemos que tal feito pode ser atingido por meio da construção de ambientes de aprendizagem ricos, onde o docente valorize as interações com os alunos. Indivíduos não aprendem apenas explorando o ambiente, mas também dialogando, recebendo instruções, vendo o que os outros fazem e ouvindo o que dizem. No construtivismo sócio-interacionista, o professor deve dominar três núcleos de conhecimento: as características psicossociais e cognitivas do aluno, os conteúdos relevantes da área do saber e o papel de mediador da aprendizagem (Macedo, 1994). Nesse aspecto, de acordo Macedo (1994) e com Moretto (2003), Assim, o professor precisa identificar, analisar e compreender as características de desenvolvimento psicológico e social de seus alunos para que seu ensino seja eficiente. Além disso, conhecendo o contexto dos alunos, o professor poderá usar linguagem adequada e contextualizada. O professor também precisa conhecer as competências associadas ao papel do mediador do processo de aprendizagem. É preciso que o professor conheça as tecnologias disponíveis para apoio pedagógico e as melhores técnicas de intervenção pedagógica, de modo a criar melhores condições para que o aluno aprenda. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANASTASIOU, L.G.C. Metodologia do ensino superior. Curitiba: IBPEX Autores Associados, 1998. LARROYO, F. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1974. MACEDO, L. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. (Coleção Psicologia e Educação). . PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. TEIXEIRA, A. A pedagogia de Dewey. In: DEWEY, J. (Ed.). Vida e educação. São Paulo: Melhoramentos, 1978. p. 14-41. VASCONCELOS, M.L.M.C. A formação do professor de terceiro grau. São Paulo: Pioneira, 1996. VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: