Uma visão psicopedagógica da EJA
domingo, 10 de julho de 2011 by Reciclagem de Artigos in

Um longo caminho entre as relações afetivas e o permitir-se aprender
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade específica da Educação Básica que se propõe a atender a um público ao qual foi negado o direito à educação durante a infância e adolescência seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis.
O ensino da EJA está sendo convocado a repensar e a transformar seus vínculos com a sociedade. Mas, existem diversos fatores que precisam ser corrigidos e outros eliminados para que as pessoas possam ter mais acesso à escola e, sobretudo poder concluir seus estudos, mesmo que seja de forma acelerada e possa parecer tardia.
O desenvolvimento cognitivo deve ser objetivado, sendo na verdade a principal meta do processo. No âmbito escolar, a Psicopedagogia deve ser vista como ação preventiva, fortalecedora de identidades e transformadora de realidades. Criadora de estratégias de ensino que leve em consideração as diferentes formas de se adquirir o conhecimento. Deve analisar a instituição escolar, delimitar as dificuldades educacionais encontradas e planejar de forma reflexiva uma abordagem que contribua para o sucesso escolar.
A Psicopedagogia também centra seu olhar na procura por estabelecer relações nas quais o principal objetivo é resgatar o prazer, não somente de aprender, mas também de ensinar. Sendo assim, reflete sobre as relações estabelecidas com o conhecimento e as diferentes formas de se adquirir este conhecimento. Reforçar o estímulo que muitos jovens e adultos necessitam para prosseguirem seus estudos e tornar viável o sonho de muitos em alfabetizarem-se ajuda na criação de projetos motivadores da prática educativa Teoricamente a ação psicopedagógica deve ser pautada na prevenção do fracasso escolar e das dificuldades que envolvem tanto educandos como educadores. Mais especificamente na Eja seria desenvolver subsídios motivadores a fim de superar problemas de aprendizagem. O que se torna essencial para que se possa compreender a aquisição da aprendizagem do sujeito e como possibilitar a construção de novos saberes.
A tradicional valorização da dimensão cognitiva em detrimento da afetiva, na trajetória do pensamento e do conhecimento humano, e a visão dualista do homem enquanto corpo/mente dificulta a compreensão das relações entre ensino e aprendizagem e da própria totalidade do ser, limitando o processo de formação de estudantes de vários níveis de escolaridade. Segundo WALLON (2008), o termo afetividade corresponde às primeiras expressões de sofrimento e de prazer que a criança experimenta, sendo essas manifestações de tonalidades afetivas ainda em estágio primitivo, ou seja, de base orgânica e têm por fundamento o tônus. Este, por sua vez, representa a base de onde sucedem as reações afetivas e mantém uma relação estreita com a afetividade durante o processo de desenvolvimento humano. Ao se desenvolver, a afetividade passa a ser fortemente influenciada pela ação do meio social. A afetividade também representa um conjunto funcional abrangente, incluindo sentimentos, emoção e paixão. A emoção, é a exteriorização da afetividade. Ela evolui como afetividade na relação professor-aluno e as demais manifestações, sob o impacto das condições sociais. É o primeiro recurso de ligação entre o orgânico e o social porque uni os indivíduos através de suas reações mais orgânicas e mais íntimas. Essa união interindividual inicia-se nos primeiros dias de vida e se fortalecem a partir das emoções, antes mesmo do raciocínio e da intenção, sendo o fenômeno da emoção, portanto, compreendido como a origem da consciência.
Já os sentimentos não implicam reações instantâneas e diretas, como na emoção, e tendem a reprimi-las. Os sentimentos são manifestações mais evoluídas e aparecem quando se iniciam as representações. Com relação à paixão, esta surge com o progresso das representações mentais e pode ser intensa e profunda. A paixão aparece com a capacidade de tornar a emoção silenciosa, ou seja, envolve o autocontrole do comportamento.Embora o desenvolvimento humano na teoria Walloniana seja descrito até a adolescência, esse desenvolvimento não termina nesse momento, pois a constituição do “eu” é um processo que jamais se acaba: o outro interior vai acompanhar o “eu” durante toda a vida. A afetividade constitui um fator de grande importância no processo de desenvolvimento do indivíduo e na relação com o outro,pois é por meio desse outro que o sujeito poderá se delimitar como pessoa nesse processo em permanente construção.
É pelo conjunto das diversas formas de atuação do professor durante as atividades pedagógicas, que ele vai qualificando a relação que se estabelece entre o aluno e os diversos objetos de conhecimento. Nesse sentido, é possível afirmar que para estabelecer uma relação afetiva é preciso que professores e estudantes estejam dispostos a esse mesmo objetivo, que os professores devem apresentar maior atenção às manifestações afetivas dos seus alunos, passando a reconhecer a importância dessa dimensão e a envolverem-se na busca de caminhos para a consideração da afetividade em suas práticas pedagógicas.
O raciocínio e o julgamento são pilares do pensamento. Ambos devem ser cuidados no processo educativo, sem perder de vista o trabalho com os conteúdos. Esse pensar melhor implica na capacidade de auto-análise. Desenvolver intencionalmente e de forma didática a autocorreção com os alunos sobre o que pensam e como pensam, sobre o que dizem e expressam, seja por meio da escrita ou usando qualquer outra forma de expressão, deve ser prática prioritária dos professores, se quiserem que seus alunos aprendam a pensar por si mesmos, a reexaminar suas idéias, seus juízos e raciocínios por intermédio das expressões, proposições e argumentos que utilizam.
Assim sendo a afetividade aparece primeiro em nossas relações, mais tarde se depara com a prática da autocorreção consciente e se tornam componentes fundamentais no resgate do processo de ensino aprendizagem durante toda a vida. Dessa forma o preparo de um professor que trabalha com EJA deve ser diferenciado. A metodologia deve ser adaptada e seus projetos pedagógicos devem incluir as expectativas e a realidade dos alunos Cabe ao professor articular os aspectos afetivo e cognitivo presentes na escolha dos objetivos de ensino, no ponto de partida do processo de ensino aprendizagem, na organização dos conteúdos, nos processos e atividades de ensino e nos procedimentos de avaliação. Trabalhando como mediador entre pensamentos e conteúdos com os alunos o professor será capaz de estabelecer com relações construtivas e prazerosas.
O fato é que o individuo para desenvolver a prática da autocorreção e alcançar um desenvolvimento, um aprendizado, precisa estar afetivamente saudável e com sua alta-estima cuidada. São fatores emocionais, psicológicos que afetem diretamente o desenvolvimento de todos os indivíduos. Junta-se a isso fatores sociais, preconceitos, falta de preparo dos profissionais e temos uma parcela cada vez maior da sociedade com analfabetos funcionais que alimentam nossa forma de estratificação.
Referências:
OLIVEIRA, Martha Kohl. Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Trabalho encomendado pelo GT “Educação de pessoas jovens e adultas” e apresentado na 22a Reunião Anual da ANPED – 26 a 30 de setembro de 1999, Caxambu.
WALLON, H.: A evolução psicológica da criança. Martins Fontes, SP, 2ª Ed, 2008.
OLIVEIRA, Martha Kohl. Ciclos de vida: algumas questões sobre a psicologia do adulto. Artigo publicado na Revista Educação e Pesquisa. SP, v 30 n. 2 maio/ago. 2004. SP.
LIPMAN, Mattew. A filosofia vai à escola. São Paulo: Summus, 1990.
Fonte:http://www.webartigos.com/articles/64459/1/Uma-visao-psicopedagogica-da-EJA/pagina1.html#ixzz1RNwmWGAP

As coisas mais importantes da vida
by Reciclagem de Artigos in

Lucas havia acabado de completar 18 anos. Estudava dia e noite, com o objetivo de passar no vestibular final do ano e poder fazer o curso que tanto sonhou: medicina. Seguiria os passos do pai, cirurgião, que, além de um homem exemplar, era o grande herói do rapaz. O anseio por entrar na faculdade aumentou ainda mais quando seu pai prometeu-lhe um carro se conseguisse a vaga. Estudou muito, conseguiu... E o problema começou.

No dia seguinte, sem perder tempo, pai e filho foram atrás dos lançamentos do mercado automobilístico. Lucas não se segurava de tanta excitação com a ideia de ter seu primeiro carro, e estava completamente indeciso. Após algumas horas, avaliando todos os modelos e cores, o rapaz escolheu o seu.

Alguns dias depois, chegou a festa de comemoração por ter passado no vestibular. Era nesse dia que seu pai lhe daria o tão sonhado presente. Lucas não havia conseguido dormir no dia anterior, esperando aquela tão preciosa chave em suas mãos. Seus amigos estavam tão excitados quanto o rapaz por, finalmente, alguém da turma ter um carro.

Chega a hora. O pai chamou atenção de toda a festa e se dirigiu ao centro da sala. Lucas, nervoso, foi para perto dele. O pai então disse: “Meu filho, este é o presente que seu avô me deu ao entrar no curso de medicina, e agora repasso a você”, e entregou-lhe um livro, de título: As coisas mais importantes da vida.

Nesse momento, Lucas jogou o livro no sofá, gritou de raiva e saiu pela porta da frente, sem voltar pra casa a noite inteira. Os convidados, todos constrangidos, foram se retirando aos poucos enquanto o pai do rapaz apanhava o livro, com carinho, olhando-o com um ar de nostalgia e saudade do seu próprio pai. Estava triste pelo garoto não ter agido da forma como esperava.

Alguns anos se passaram, e Lucas continuava sem falar com seu pai. Terminou seu curso, conseguiu um emprego e começou a morar sozinho. Os anos passando, e nada. Lucas encontrou o grande amor de sua vida. Os anos passando, e nada. A mãe do rapaz sofreu um acidente, e não resistiu. Faleceu. Seu pai ficou sozinho agora, mas Lucas nem ligava.

Tempos depois, o rapaz foi abatido por uma doença grave. Enquanto ele estava no hospital, sua namorada estava viajando a negócios, ia ficar 3 meses fora. Lucas só tinha seu pai para ficar ao seu lado. Como o garoto estava inconsciente, seu velho ficou cuidando dele durante todo o tratamento, sem sair uma vez se quer. Horas antes de Lucas acordar, o homem foi embora, com medo da reação do rapaz ao vê-lo.

Mais alguns anos passaram, e Lucas se casou. Convidou todos os seus amigos, tios, mas não convidou seu pai. Os anos passando, e nada. O pai do rapaz já havia atingido certa idade, executava algumas tarefas com certa dificuldade, pois estava sozinho na vida há algum tempo. Os anos passando, e nada. O pai de Lucas descobriu que estava com uma doença terminal, mas achou melhor não incomodar o seu garoto com isso.

Foi então que a vida atingiu seu destino inevitável: o pai do garoto, devido a doença, faleceu. Seu enterro não foi muito cheio, afinal, a maioria de seus amigos e pessoas próximas já haviam falecido também. Lucas foi uma das poucas pessoas a ir. Seu arrependimento havia batido, estava com saudades do velho herói, afinal, mesmo que eles nunca estivessem juntos, ele sabia que seu pai sempre estaria lá pra ele.

Ao voltar da cerimônia, Lucas se dirigiu a estante de livros, onde havia guardado, há muito tempo atrás, o livro que seu pai lhe dera. Começou a ler, incansavelmente, virando a noite até terminar o livro. Foi então, que na última página, seu pai escreveu a seguinte mensagem:

“Meu filho, você não pode imaginar o quão orgulhoso você me deixa. Todo esse tempo que você estudou, se dedicou, foi mais do que merecida a vaga que você conseguiu. Além do filho exemplar que você é, não deixa de ser uma pessoa maravilhosa, e sei que sua vida será cheia de sucesso e amor, por parte de seus amigos, suas namoradas, e, principalmente, minha e da sua mãe. Não deixe ninguém dizer que você não consegue atingir seus objetivos, pois, a cada etapa da sua vida, você prova que consegue. Você diz a todo mundo que eu sou seu exemplo, seu herói... mas a verdade é que você que me dá forças pra seguir nessa vida, você que me salva todos os dias desse mundo sem amor e compaixão.
Meus amigos do trabalho já não agüentam mais ouvir eu me orgulhando de você! De como você aprendeu a tocar violão rápido, como ganhou aquele concurso de redação. Mas nem me importo com eles, não tenho culpa se os filhos deles não têm a mesma garra que você! Não se esqueça nunca que sempre estarei do seu lado, mesmo quando você menos imaginar ou querer. Afinal, você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo. Boa sorte filho, você merece mais do que o mundo pode oferecer a você.
Obs: Virando “a página, preguei com fita seu presente.”

Ao virar a última página, Lucas viu um cheque no valor exato do carro que os dois haviam escolhido na época. E nada mais importava agora...

O perdão é uma arte para poucos, mas o arrependimento é uma dor de muitos.

Persistência é tudo
by Reciclagem de Artigos in

Muita gente acha que é difícil começar uma caminhada. Pessoalmente penso diferente. Para mim, mas difícil que iniciar é continuar... De começos o mundo está cheio: os que começam um casamento, os que começam a abandonar um vício, os que iniciam o aprendizado de uma língua e por ai vai. Ir em frente é mais complicado. Exige persistência e muita força de vontade. Requer que nós olhemos para trás com sentimento de satisfação pela experiência adquirida e não com remorso ou sensação de arrependimento. Que nós tenhamos sonhos, mas que não vivamos de sonhos. Que choremos, mas não deixemos as lágrimas turvarem nossa visão. Que escutemos os outros, mas que não desistamos de fazer o que julguemos certo, por causa deles. Tudo isso de tão simples parece coisa de criança. E é mesmo! Antes de aprendermos a andar precisamos: cair muitas vezes, nos machucar, chorar, ser motivo de riso, e nem por isso tudo desistimos ou deixamos de levantar. Nisso temos muito que aprender com as crianças. Elas "sabem" que antes de dar os primeiros passos, é preciso ficar de pé, e antes disso é preciso engatinhar. Que precisamos das pessoas para servir de apoio, mas, que elas não são bengalas e nós não somos aleijados. Se todas as pessoas soubessem disso teríamos bem menos fracassados no mundo. Gente que poderia atingir grandes coisas, mas que desiste no meio do caminho. Diante disso só temos a agradecer a predisposição para certos aprendizados na infância. Se fosse o contrário, muita gente hoje estaria numa cadeira de rodas.
Marcos Lima e Ronaldo Oliveira